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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Utopia


“Vem a ser o que se imagina como sendo perfeito, ideal, porém imaginário não se sabe ao certo se é possível alcançar ou realizar, é almejado mas apenas utópico.”


Fim de ano, o clima de entusiasmo com as festas de natal, comemoração e expectativa pelo ano que se inicia toma conta de todos nós. A solidariedade impera e mobiliza centenas de pessoas a ajudar a proporcionar um natal mais feliz a algumas famílias, talvez o único momento de felicidade e fartura de todo um ano. Nas ruas, atentos às cenas de pobreza que ali estão, - e sempre estão - percebemos o quanto choca ver um ser humano catando comida no lixo. Não importa a idade, se uma criança, um adulto ou um idoso, se poderia ou não estar trabalhando ao invés de catar comida, se desperdiçou oportunidades, se é um vadio, não importa, naquele momento é apenas um Homem se alimentando do que para outros não serve mais. Corta o coração, mas corta o ano todo. Às vezes me pergunto se alguém lá de cima (a Brasília me refiro) não anda pelas ruas e vê o que vemos ou se vê, não sente e pensa que Eles poderiam fazer algo, mas aí é muita utopia, é acreditar que possa existir um mundo justo, onde as pessoas tenham ao menos o mínimo para sobreviver e acho que ninguém (dentre Eles) se interessa por isso. Então o que nos resta? Resta o agir de quem está mais perto, de quem tem menos, mas se preocupa. Certa vez li que o povo brasileiro, por agir assim, é um povo burro pois deveria é cobrar essa atitude dos governantes. Não discordo, mas também não concordo plenamente. Penso, aliás, que aqueles que acreditam estar fazendo muito, ou ao menos a sua parte ajudando no natal deveriam agir assim o ano todo, não adianta sair distribuindo presentinhos no natal só para “papai noel ver” e esquecer que estas pessoas comem e vestem nos 364 dias que antecedem a data festiva e nos 364 posteriores também. Revolta, muito, ver alguém sentir fome, uma criança doente sem atendimento, um idoso curvado, com enormes sacos de lixo reciclável nas costas quando deveria estar descansando, usufruindo de sua aposentadoria (mais utopia!), mas é desta revolta que precisamos, deste sentimento de injustiça, dessa tristeza pela constatação da realidade e da gana por mudança que move os que acreditam na dignidade humana, que até então só existe no texto da nossa Constituição.
Tainã

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